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Senta aqui, Zé



Zé, tô precisando conversar... senta aqui e me escuta.
É que ninguém fala sobre ele na minha presença, decidiram que é assunto proibido e nem me perguntaram ao menos se eu concordo.
Se eu concordo, Zé? Não né. Ninguém entende que as vezes tudo o que eu preciso é ouvir notícias dele, não importa se é sobre a nova namorada que ele arrumou, ou a última que ele aprontou na festa da cidade. Eu só preciso ouvir notícias e saber que a vida dele vai bem, obrigado.
Tem noites que me sinto sufocada Zé, fico louca de vontade de bater na casa dele e perguntar “ta tudo bem?” “ ta dando tudo certo na sua vida?”
Não é amor, Zé.
É preocupação, é zelo, é carinho.
Pô, porque eu tenho que odiá-lo? Vai me dizer agora que você concorda com essa loucura Zé?
Eu não vou odiá-lo. Eu não consigo odiá-lo s ó p o r q u e e l e n ã o m e a m o u. Só porque o coração dele não me escolheu.  Ele tem esse direto, esqueceu?
Da mesma maneira que meu coração não escolheu o Marcio, o Fábio e o João. Da mesma maneira que eu não consegui amar o Fabricio, o Ricardo, o Mauro...
Acontece.
Voce já tem que ir embora Zé?
Tudo bem. Me faz um favor?
Quando ele te chamar pra conversar, assim como eu fiz, e perguntar como vai a minha vida, diz que vai bem. Diz também que eu mandei um beijo e vivo com saudade.
Tchau Zé.



Ah, só mais uma coisa... avisa que sou eu que liga de madrugada.